Subiu para nove o número de pacientes que perderam o globo ocular após a realização de um mutirão de cirurgias de catarata em Parelhas, na região Seridó do Rio Grande do Norte. O problema foi causado por complicações derivadas da endofmaltite, infecção causada pela bactéria Enterobacter cloacae, comumente encontrada em fezes, e incomum em ambientes hospitalares. Ao todo, 15 pacientes foram infectados, sendo oito homens e sete mulheres, com faixa etária que varia de 43 a 80 anos. As informações foram atualizadas por meio de nota emitida pela prefeitura do município nesta quinta-feira (17).
Ainda conforme as informações do município, foi realizada uma reunião com pacientes e familiares que tiveram complicações nas cirurgias, para atualizar sobre as investigações referentes ao Inquérito Civil instaurado pela prefeitura. Ao fim do processo, as informações serão entregues ao Ministério Público do RN.
Entre estes, quatro efetivaram o procedimento de vitrectomia (realizado para auxiliar no processo de recuperação da visão), e dois estão em casa, recebendo acompanhamento médico. Apesar de apresentarem uma recuperação, estimada em 80%, do quadro infeccioso, ambos ainda não conseguem enxergar.
O mutirão foi realizado nos dias 27 (sexta) e 28 de setembro (sábado) na maternidade Dr. Graciliano Lordão. Porém, todos os pacientes infectados com a bactéria passaram pelo procedimento no dia 27.
Nesta quarta-feira (16/10), foi realizada a oitiva com parte da equipe da clínica Oculare Oftalmologia Avançada (empresa responsável pelas cirurgias), composta pelo médico Bruno Gorgonio Medeiros e pelo enfermeiro Cleyson Silva de Andrade. Nesta quinta-feira (17) serão ouvidos alguns pacientes e na sexta-feira (18) o enfermeiro Alex Bruno Silva, que faz parte da equipe da clínica Oculare Oftalmologia Avançada.
O Inquérito Civil segue em sigilo até que todas as partes sejam ouvidas.
Além das oitivas, a Prefeitura de Parelhas está adotando todas as medidas necessárias para assegurar uma investigação completa do ocorrido. Ofícios foram encaminhados à Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), requisitando informações detalhadas sobre os testes de qualidade da água e o cumprimento rigoroso dos protocolos aplicáveis às cirurgias realizadas.
Também nesta quarta-feira, representantes da Prefeitura de Parelhas participaram de uma reunião com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária do Rio Grande do Norte (Suvisa/RN), Comissão Estadual de Controle de Infecção e Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde para coordenar os próximos passos da investigação.
Participaram também desta reunião representantes da Maternidade Dr. Graciliano Lordão e representantes da Vigilância Sanitária de Pernambuco, uma vez que a sede da empresa habilitada e contratada é de Goiana/PE, segundo a prefeitura de Parelhas.
Leia a nota emitida na prefeitura na íntegra:
Leia mais“A Prefeitura de Parelhas vem por meio deste boletim informar que realizou uma reunião na manhã desta quinta-feira (17/10) com os 15 pacientes e familiares que tiveram complicações em cirurgias de catarata, para atualizar sobre as investigações referentes ao Inquérito Civil instaurado.
Os pacientes puderam relatar sobre suas condições de saúde e os representantes da Prefeitura reforçaram que todo o acompanhamento e suporte às famílias permanece ativo. A Administração Municipal também posicionou os pacientes sobre a aquisição de próteses oculares e se colocou à disposição dos advogados das famílias presentes na reunião para seguir com a referida indenização.
Estavam presentes na reunião o prefeito Tiago Almeida; a procuradora do Município de Parelhas, Angélica Sena; e a secretária de Administração, Cícera Patrícia Gambarra.
Dos 15 pacientes que tiveram complicações após as cirurgias de catarata realizadas no dia 27 de setembro de 2024, 9 pacientes perderam o globo ocular; 4 pacientes efetivaram procedimento de vitrectomia; e 2 estão em casa sendo acompanhados com boa evolução do quadro, com mais de 80% do quadro infeccioso já solucionado, mas ainda não conseguem enxergar. Deste total, 8 são homens e 7 são mulheres, com faixa etária que varia de 43 a 80 anos.
Após a conclusão do Inquérito Civil, que segue em sigilo, os relatórios serão encaminhados ao Ministério Público do Rio Grande do Norte”.
📋Tribuna do Norte